A câmara* escura é um fenômeno natural no qual a passagem de luz por um furo para dentro de um espaço escuro projeta uma imagem na superfície que ela atinge. Isso resulta em uma projeção invertida vertical e horizontalmente da vista do lado de fora.
Antes da invenção da fotografia propriamente dita, muitas de suas características fundamentais já eram conhecidas: Aristóteles descobriu o princípio da câmara escura no século IV a.C., mas foi o cientista árabe Alhazen que, no início do século XI, descreveu em detalhes o funcionamento desse princípio ótico.
Entre 1400 e 1900, muitas variáveis da câmara escura haviam sido inventadas, algumas inclusive eram salões enormes oferecidos para o público como atrações turísticas!
Os primeiros modelos consistiam em grandes salas escuras com um pequeno furo em uma das paredes. Com o tempo, no entanto, foram aperfeiçoadas e repensadas e deixaram de ser apenas um ambiente escuro para se tornarem dispositivos portáteis que permitiam a pintores e cientistas usá-los em campo. No século XVII, a câmara escura ganhou versões menores, semelhantes a caixas de madeira. Algumas incluíam espelhos inclinados que refletiam a imagem projetada para uma superfície superior, possibilitando que artistas traçassem os contornos que desejassem com mais facilidade. Na Renascença, artistas como Leonardo da Vinci e Jan Vermeer usavam câmaras escuras para criar esboços mais precisos de suas pinturas. A partir daí, aos poucos, seu uso se tornou mais difundido e popular.
A mágica por trás da câmara escura está na ótica. A luz viaja em linha reta e, quando passa por um pequeno furo, os raios do topo e da parte de baixo da cena externa se cruzam, projetando uma imagem invertida na superfície oposta. Ao adicionarmos uma lente a esse orifício, obtemos imagens ainda mais nítidas. Esse princípio é o mesmo que rege o funcionamento das câmeras fotográficas atuais.
Por séculos, a câmara escura serviu apenas para projetar imagens efêmeras, que desapareciam conforme a luz mudava.
Para se chegar a um equivalente à fotografia então, era preciso encontrar alguma substância sensível à luz, bem como uma forma de fixar essas imagens projetadas, mas esse é um assunto para um post futuro. A câmara escura não inventou a fotografia, mas sem ela, talvez nunca tivéssemos aprendido a capturar a luz.
*Fiquei em dúvida se seria melhor escrever câmera ou câmara nessa postagem. Optei por câmara (sala ou compartimento - o que faz sentido, já que as primeiras eram literalmente um cômodo todo!) que é a forma correta ao invés de câmera que foi adotado do inglês para designar equipamentos fotográficos.
A câmara escura gigante do Exploratorium em São Francisco
Faça uma câmara escura de papelão (no site tem o PAP com moldes):
Capturando as imagens de uma câmara escura (com uma DSLR):
Transformamos esse caminhão em uma câmera escura gigante!
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