"Onde foram parar todas as flores?" –
pergunta a canção de Pete Seeger.
Graeme Williams não responde diretamente — ele fotografa a
ausência.
Em Objects of Reminiscence (Objetos de Reminiscência), o fotógrafo sul-africano percorre hotéis, restaurantes e espaços públicos de 12 países africanos, documentando não a natureza africana em si, mas suas tristes imitações: flores artificiais, bichos de resina, cenários montados onde um dia houve vida real.
Suas imagens revelam um mundo que tentou preservar a memória do natural, mas o fez de maneira plástica, kitsch e, paradoxalmente, devastadoramente melancólica.
Williams se inspira aqui no espírito do movimento New Topographics, especialmente em Robert Adams, que já havia mostrado, décadas antes, que a paisagem "intocada" celebrada por Ansel Adams tinha sido perdida para sempre.
Assim como Adams, Graeme fotografa sem moralismos. Ele não grita, ele sussurra: o vazio é autoexplicativo.
Quem é Graeme
Williams?
Graeme Williams nasceu em 1961, na Cidade do Cabo. Começou
sua carreira como fotojornalista nos anos finais do apartheid, cobrindo a
transição para a democracia na África do Sul para agências como a Reuters.
Com o tempo, seu foco mudou da notícia para projetos pessoais que exploram
mudanças sociais, memória e identidade. Seu trabalho integra coleções
importantes como o Smithsonian e a Galeria Nacional da África do Sul.
Por que começar
esta série com Objects of Reminiscence?
Porque às vezes o que falta diz tanto quanto o que sobra.
As imagens desse projeto falam de uma África que modernizou sem se reconciliar
com sua história natural. E falam também, sem querer, da nossa tendência
universal de substituir profundidade por aparência.
Graeme Williams fotografa não o que é grandioso, mas o que é
inevitavelmente triste — e por isso, profundamente humano.
Mais sobre Graeme Williams:
- Ele tem um excelente canal de fotografia no YouTube chamado Photographic Conversations;
- Site oficial;
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