"A câmera é um instrumento que ensina as pessoas a ver sem câmera." – Paul Strand
Se a fotografia moderna tem um nome que ajudou a definir seus rumos, esse nome é Paul Strand. Nascido em 1890, em Nova York, ele atravessou quase um século de transformações visuais e sociais, deixando um legado incontestável. Seu trabalho influenciou não apenas fotógrafos, mas também cineastas e artistas plásticos.
Strand começou sua jornada na fotografia ainda jovem, estudando com Lewis Hine na Ethical Culture School. Foi Hine quem o apresentou a Alfred Stieglitz, uma figura central no movimento da fotografia artística nos EUA. No início do século XX, Stieglitz promovia a ideia de que a fotografia poderia ser uma forma de arte independente, e Paul Strand absorveu essa visão com entusiasmo.
No entanto, ao contrário da estética pictorialista dominante na época, que buscava uma aproximação com a pintura, Strand seguiu por um caminho mais direto e objetivo. Inspirado pelo cubismo e pelo modernismo europeu, ele ajudou a estabelecer uma nova linguagem visual para a fotografia.
Uma das marcas registradas de Paul Strand era sua habilidade em equilibrar o documental e o artístico. Seu trabalho transitava entre retratos fortes, composições abstratas e cenas do cotidiano. Sua famosa fotografia de 1916, Blind Woman, é um exemplo poderoso de seu olhar humanista e inovador. Além disso, explorou padrões e formas geométricas de maneira única. Fotografava desde a arquitetura das cidades até objetos simples, revelando uma harmonia estrutural que muitos não percebiam a olho nu. Esse olhar influenciou gerações de fotógrafos que vieram depois.
Nos anos 1920, Strand ampliou sua atuação para o cinema. Co-dirigiu o filme Manhatta (1921), um dos primeiros exemplos de cinema experimental nos EUA, inspirado pelo poema Leaves of Grass, de Walt Whitman. Mais tarde, em um contexto de crescente tensão política, dedicou-se a documentar comunidades ao redor do mundo, sempre com um olhar voltado para as questões sociais.
Durante os anos 30 e 40, em meio ao clima político turbulento nos Estados Unidos, suas convicções progressistas fizeram com que ele se afastasse do país. Eventualmente, estabeleceu-se na Europa, onde continuou seu trabalho até sua morte, em 1976.
Paul Strand transformou a fotografia documental em algo mais do que um simples registro. Ele provou que uma fotografia pode ser direta e, ao mesmo tempo, profundamente expressiva. Seu trabalho abriu caminho para que a fotografia fosse reconhecida como uma forma de arte legítima e respeitada.
Hoje, suas imagens continuam a inspirar fotógrafos e artistas visuais ao redor do mundo. Seja nos retratos humanistas, nas composições geométricas ou na relação entre fotografia e cinema, Strand permanece como um dos nomes mais importantes da fotografia moderna.
FOTOLIVROS
Olhar direto (canal de Rafael Bosco Vieira no YouTube): Catálogo da exposição realizada em 2009 no Instituto Moreira Sales em parceria com a Aperture Foundation;
Masters of Photography - Aperture Magazine (Robin's Book Club)
VÍDEOS INTERESSANTES
Neste vídeo do V&A Museum, é mencionado que Strand usou uma lente disfarçada para fotografar sem que as pessoas percebesse,. Era uma espécie de periscópio, que desviava a atenção do que a câmera realmente estava apontando - permitindo então que ela fosse apontada para o lado enquanto, na verdade, estava fotografando algo ou alguém em outra direção. Devia ser algo parecido com isso aqui.
Strand usou essa técnica em algumas de suas fotos mais icônicas, como Blind Woman (1916), para capturar retratos autênticos e espontâneos sem que os fotografados posassem ou percebessem que estavam sendo fotografados.
LEITURAS INTERESSANTES
Galeria de fotos na Another Magazine;
Como Strand pavimentou o caminho para o modernismo fotográfico;
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