"Uma boa fotografia diz respeito a saber onde se posicionar." - Ansel Adams
"Nenhum lugar é monótono se você tiver tido uma boa noite de sono e tiver um bolso cheio de filmes novos" - Robert Adams
A exposição New Topographics: Photographs of a Man-Altered Landscape (1975) revolucionou a forma de olhar para a paisagem, apresentando uma abordagem documental e objetiva que contrastava fortemente com a tradição romântica e monumental da fotografia do século XIX e início do século XX. Organizada por William Jenkins no George Eastman House em Rochester, NY, a mostra reuniu fotógrafos que adotaram uma estética neutra e impessoal para registrar ambientes já modificados pela presença humana. Esses foram os fotógrafos participantes:
- Robert Adams
- Lewis Baltz
- Bernd e Hilla Becher
- Joe Deal
- Frank Gohlke
- Nicholas Nixon
- John Schott
- Stephen Shore
- Henry Wessel, Jr.
Esses fotógrafos empregaram o conceito de "topografia" para remeter ao mapeamento e à catalogação sistemática do espaço, enfatizando a banalidade e a padronização dos ambientes construídos, como subúrbios, estacionamentos, conjuntos habitacionais e rodovias. Ao invés de enaltecer a grandiosidade da natureza - uma característica marcante das obras de mestres como Ansel Adams - eles demonstraram que a ideia de uma paisagem intocada é, na verdade, um mito. As construções e intervenções humanas presentes em suas fotografias deixavam claro que, mesmo em cenários que poderiam parecer naturais à primeira vista, o impacto do homem estava sempre presente e era inevitável.
Embora a década de 1970 tenha marcado o início de uma maior pressão nas questões ditas ambientais, a narrativa mais predominante entre os historiadores de arte é que esse movimento surgiu mais como uma resposta às transformações urbanas do que como um produto direto da pressão dos ativistas climáticos.
Os fotógrafos envolvidos na exposição buscavam documentar uma realidade já modificada pela ação humana - mostrando a banalidade e a padronização das paisagens urbanas e suburbanas - e, ao fazer isso, contribuíram para desmistificar a ideia de uma natureza intocada. Essa abordagem objetiva e desapaixonada refletia uma mudança cultural que, de fato, dialogava com o crescente interesse ambiental da época, mas não se tratava de uma imposição dos ativistas.
Essa abordagem crítica e analítica influenciou gerações posteriores de fotógrafos, que passaram e explorar a paisagem com um viés sociopolítico e a questionar as noções tradicionais de pureza e sublime na natureza. As Novas Topografias não apenas transformaram a estética da fotografia paisagística, como tamém desconstruíram a ideia de que existe uma natureza intocada, ressaltando que toda paisagem carrega marcas profundas da intervenção humana.
- Catherine Opie fala sobre Novas Topografias:
- Fotolivro New Topographics, com o catálogo da exposição de 1975 e fotos dos participantes (The Photobook Guy):
- Novas Topografias: Paisagens fotográficas
- Novas Topografias: Redefinindo a fotografia de paisagem:
- Stephen Shore: a Matrix LaBrea. Apesar de ser um vídeo mais especificamente sobre Shore, ele mostra a correlação entre ele, o casal Becher - que foi parte da exposição Novas Topografias - e fotógrafos contemporâneos importantes como Gursky, Hofer e Struth, cujas obras estão entre as mais valiosas da atualidade:
- O tour New Topographics, organizado pela George Eastman House e pelo Center for Creative Photography, começa em 13 de junho;
- New Topographics (Redux) - texto de 2009 da NPR a respeito da exposição acima que foi um remake da exposição de 1975;
- Novas Topografias (do site Smarthistory);
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