Monday, May 26, 2025

RESENHA DE LIVROS III | HUMANS OF NEW YORK


“Fotografar parecia uma caça ao tesouro e, mesmo sendo ruim nisso, de vez em quando eu encontrava um diamante. E isso já era suficiente pra me deixar querendo mais.” — Brandon Stanton

Essa frase está logo no começo do livro Humans of New York e descreve o começo de todo mundo que se apaixona pela fotografia. Quando comprou sua primeira câmera, Stanton vivia em Chicago onde trabalhava em tempo integral, então fotografava nos finais de semana. No início, era o que conseguia fazer: imagens espontâneas, registros das ruas, o básico de quem está entrando nesse mundo, mas no meio de tudo o que fazia, descobria imagens que o encantavam.

Um projeto que cresceu com o fotógrafo

Depois de perder o emprego, resolveu apostar tudo na fotografia. Viajou pelos EUA, postando os cliques no próprio álbum do Facebook. Até que um dia foi para Nova York “só por uns dias” — e ficou por meses. Começou fotografando pessoas de forma mais discreta, até que ganhou coragem para abordá-las diretamente. Em pouco tempo, acumulou mais de 600 retratos. Voltou para Chicago só para pegar suas coisas e se instalou na Big Apple de vez.

A ideia inicial do projeto era ambiciosa: criar dez mil retratos conectados a um mapa interativo da cidade de Nova York. O plano era que cada imagem pudesse ser clicada dentro desse mapa, formando uma espécie de cartografia humana da cidade.

A força está nas histórias

Em 2013, veio a primeira edição impressa de Humans of New York. A partir dali, o que era um projeto pessoal virou um fenômeno. Brandon criou uma página própria no Facebook e, rapidamente, reuniu meio milhão de seguidores. Ele tem um jeito muito particular de retratar as pessoas: sempre com empatia, leveza e um olhar que destaca o melhor delas. Não tem como não gostar dos personagens que aparecem no livro. E é aí que está o coração do HONY — não tanto nas imagens, mas nas histórias.

Um olhar afetuoso, mesmo que tecnicamente imperfeito

Tecnicamente, o livro tem altos e baixos. Muita foto está fora de foco, os enquadramentos nem sempre funcionam — e o uso quase obsessivo do enquadramento central parece mais fruto da inexperiência do que uma escolha estética. Mesmo assim, há uma intuição ali, uma percepção viva de que algo importante está acontecendo. Às vezes ele junta uma sequência de imagens pra contar melhor uma pequena história — e funciona. Outras vezes, escreve direto nas fotos, o que é um recurso bacana… mas a fonte escolhida é desastrosa (difícil de ler, esteticamente ruim — e olha que você releva porque a legenda em si é boa).

A capa que não faz jus ao conteúdo

Sendo muito honesta: a edição física do livro é bonita nas mãos, mas decepcionante no design. A capa tem um mosaico de fotos sem apuro visual — parece feita no improviso. E a proteção de capa, em papel vegetal transparente, passa uma sensação mais amadora do que criativa. Para o tamanho e o impacto do projeto, faltou um cuidado gráfico mais à altura.

Vale a pena?

Sim. Com tudo isso dito, Humans of New York segue sendo um dos livros mais queridos da minha coleção. Porque, mesmo com as falhas técnicas e gráficas, o livro acerta onde mais importa: no vínculo que cria entre quem fotografa, quem é fotografado e quem olha.

Stanton não é um mestre da composição, mas sabe muito bem o que está procurando. Ele guia o olhar com segurança, mesmo sem parecer controlar demais. E consegue o mais difícil: fazer com que a gente se importe com gente que nunca vimos antes.

Site oficial Humans of New York.

Monday, May 19, 2025

JOE MCNALLY


 
“Os seus semelhantes vêm em primeiro lugar.” – Joe McNally

Essa frase de Joe McNally é quase um resumo do seu trabalho como fotógrafo: mais do que luz, composição ou técnica, o que está sempre em foco são as pessoas. Seja retratando bombeiros logo após o 11 de setembro, atletas olímpicos em pleno salto ou trabalhadores suspensos a centenas de metros de altura, McNally faz o que poucos conseguem — transforma qualquer retrato em uma história que se sente, não só se vê.

Um contador de histórias com um flash na mão

Joe McNally é um fotógrafo americano renomado, conhecido por sua habilidade excepcional em capturar imagens que contam histórias poderosas. Com uma carreira que abrange mais de 30 anos, ele já realizou trabalhos em mais de 70 países, contribuindo para publicações de prestígio como National Geographic, TIME, Newsweek e Sports Illustrated .

Seu talento não está apenas na fotografia em si, mas na forma como ilumina, literalmente, as histórias que decide contar. Não à toa, se tornou referência mundial no uso criativo de flashes portáteis e na fotografia com iluminação controlada, mesmo em situações aparentemente impossíveis.

Projeto marcante: Faces of Ground Zero

Depois dos atentados de 11 de setembro, McNally criou um dos projetos mais emocionantes da fotografia documental: uma série de retratos de bombeiros, policiais, médicos e sobreviventes usando uma câmera Polaroid gigante. As imagens, em tamanho real, foram exibidas em várias cidades dos EUA, reunindo quase um milhão de visitantes — e deixando claro que o fotógrafo, ali, era só o mensageiro de algo maior.

Revolucionando a fotografia digital

Em 2003, ele foi o responsável pela primeira reportagem totalmente digital da National Geographic, The Future of Flying, em homenagem ao centenário do voo dos irmãos Wright. Essa edição se tornou uma das mais populares da revista e foi finalista do National Magazine Award e foi um marco não só pela tecnologia, mas pela estética impecável. McNally provou que é possível unir tradição e inovação – com sensibilidade e sem pirotecnia.

Professor e mentor de muitos

Quem já leu The Hot Shoe Diaries ou Sketching Light sabe que McNally não guarda segredos. Ele compartilha seus erros, acertos, gambiarras e bastidores com sinceridade e bom humor. Seus vídeos, palestras e workshops ajudaram (e ajudam) fotógrafos de todos os níveis a entender que dominar a luz é, antes de tudo, saber olhar com empatia.

Um legado feito de gente

McNally recebeu inúmeros prêmios, como o Alfred Eisenstaedt Award e o título de Fotógrafo do Ano da PMDA em 2015. Mas o maior reconhecimento talvez seja outro: a confiança de quem se deixa fotografar por ele. Porque no fim das contas, como ele mesmo diz, seus semelhantes vêm primeiro — e isso muda tudo.

Joe McNally não é apenas um fotógrafo; é um verdadeiro contador de histórias que utiliza a luz como sua principal ferramenta. Sua abordagem única e apaixonada continua a inspirar fotógrafos de todas as gerações. Se você quiser explorar mais sobre o trabalho de McNally ou aprender com suas técnicas, recomendo visitar seu site oficial: joemcnally.com.

 VÍDEOS INTERESSANTES:

  • Dicas de Joe McNally para ser mais criativo na fotografia:
  • Storytelling na Fotografia:

LINKS INTERESSANTES

Saturday, May 17, 2025

OS RAIOS X DE NICK VEASEY

"Vivemos em um mundo obcecado por aparência. Eu quero olhar além da superfície." — Nick Veasey

Imagine poder revelar a verdadeira anatomia de um tênis, uma flor ou mesmo de um ônibus inteiro — não com bisturi, mas com feixes de elétrons atravessando a matéria. Agora imagine que essas imagens foram feitas não com luz visível, mas com raios-X — e ainda assim têm apelo estético, refinamento gráfico e, às vezes, até senso de humor. Esse é o universo do fotógrafo britânico Nick Veasey, nascido em 1962, em Londres. Um artista que revela o que está por dentro — dos objetos e, indiretamente, de nós mesmos.

Quem é Nick Veasey?

Veasey começou a experimentar com raios-X quase por acidente, ao fotografar uma lata de refrigerante para uma campanha publicitária. Mas o resultado revelou uma possibilidade visual tão inusitada que ele decidiu mergulhar nessa estética. Décadas depois, o que era uma curiosidade virou um estilo autoral que mistura arte, ciência e engenharia com um olhar irônico sobre o culto às aparências.

Apesar da sofisticação do seu trabalho, ouvir Nick Veasey falar é como conversar com aquele vizinho curioso que desmonta a torradeira e fica empolgado quando explica como ela funciona. Ele se descreve mais como um operador técnico do que como artista, e esse seu jeito torna tudo ainda mais fascinante: um artesão de laboratório que constrói beleza dentro de um bunker de concreto.

Ah, e caso alguém tenha um submarino sobrando por aí… fica o aviso: o sonho dele é fazer um raio-X de um!

Como as imagens são feitas?

A técnica, que parece saída de um manual secreto da CIA, é extremamente controlada. Veasey fotografa os objetos em um bunker com paredes espessas de concreto, onde pode operar máquinas de raio-X com segurança. Dependendo do tamanho do objeto, ele precisa fazer múltiplos registros em partes — como um scanner de corpo inteiro em slow motion — e depois recompor tudo digitalmente, camada por camada.

Por exemplo, para criar a imagem de um Boeing 777, ele não passou o avião por um scanner gigante (ufa!). Em vez disso, fotografou seções de peças reais e reconstruiu digitalmente o avião — algo que gerou críticas e mal-entendidos, mas também revela o grau de engenhosidade do projeto.

As imagens finais muitas vezes recebem coloração digital, não para embelezar, mas para realçar estruturas e planos. O resultado é uma mistura precisa de ciência forense com arte contemporânea — como se Eadweard Muybridge tivesse acesso a tecnologia hospitalar e um contrato com a Saatchi Gallery.

Impressões lenticulares: movimento em ossos

Um dos desdobramentos mais interessantes do trabalho de Veasey são suas impressões lenticulares — imagens compostas por duas ou mais camadas fundidas, cobertas por uma lente plástica (PETG) que cria a ilusão de movimento conforme o espectador muda o ângulo de visão.

Ele explica:

“Nossas imagens lenticulares de raio-X dão a ilusão de movimento ao unir duas ou mais imagens diferentes. A lente PETG sobre a imagem faz com que o espectador veja uma imagem diferente conforme o ângulo. É curioso que esse movimento traga nossos cadáveres radiografados à vida.”

Além do impacto visual, a escolha de retratar ícones culturais em radiografia — com ossos, cavidades e costelas no lugar de glamour — reforça seu lema constante: “Por dentro, somos todos iguais.”

Process Gallery: o laboratório por trás da arte

Em 2018, Nick Veasey inaugurou a Process Gallery, um espaço multifuncional que combina estúdio, galeria e laboratório de raio-X, localizado em Lenham, no interior de Kent, Inglaterra. O edifício, projetado pelo renomado escritório Guy Hollaway Architects, foi construído no local de um antigo galpão agrícola e ganhou destaque por sua arquitetura singular, que mescla elementos industriais e formas inspiradas nas tradicionais "oast houses" britânicas.

O destaque da Process Gallery é a câmara de raio-X em forma de pirâmide, feita de concreto espesso, que absorve a radiação e permite a Veasey criar suas imagens com segurança. Além disso, a galeria abriga exposições de outros artistas contemporâneos que exploram processos criativos inovadores, alinhando-se à proposta de revelar o que está além da superfície.

O que ele está nos mostrando?

Há, claro, uma dimensão visual impactante. As imagens de Veasey são limpas, simétricas, detalhistas. Mas também há uma camada conceitual: ao tornar visível o que normalmente é invisível, ele propõe uma crítica ao culto da aparência. “Vivemos em um mundo que valoriza o que está na superfície. Quero mostrar o que está por dentro”, ele costuma dizer.

Essa abordagem se alinha com uma tendência crescente na fotografia contemporânea: a de expandir o campo da imagem para além da luz visível, incorporando dados, espectros e técnicas que antes eram exclusivas de áreas técnicas. Em tempos de sobrecarga visual, Nick Veasey oferece um tipo diferente de olhar: um que não se contenta com a primeira camada.

Conclusão

Nick Veasey talvez não se veja como um artista no sentido tradicional. Mas é justamente sua mente analítica — quase de engenheiro de garagem — que dá força ao trabalho. Ele transforma o invisível em imagem e, ao fazer isso, reverte a lógica do espetáculo visual: mostra que, mesmo na era do excesso de selfies, o que está por dentro ainda pode nos surpreender.

Seja radiografando um ônibus, um botão de rosa ou o esqueleto de Elvis, Veasey nos convida a fazer o que pouca gente faz hoje: olhar além da superfície.

Veja outros trabalhos de Nick Veasey na galeria do site oficial dele.

PARA CONHECER MAIS:

  • Site Oficial de Nick Veasey: Aqui você encontrará uma galeria completa de suas obras, informações sobre exposições e detalhes sobre sua abordagem artística.
  • Processo Criativo: Uma visão detalhada de como Veasey cria suas imagens de raio-X, incluindo fotos do estúdio e explicações sobre os equipamentos utilizados.
  • Entrevista na Visual Atelier 8: Uma conversa interessante onde Veasey discute sua filosofia artística e o impacto cultural de seu trabalho.
  • Artigo na Visualflood: Uma análise sobre como Veasey utiliza a fotografia de raio-X para revelar detalhes ocultos e estruturas internas de objetos diversos. 
  • Artigo na Wired: Uma reportagem detalhada sobre o processo de criação de Veasey, incluindo informações sobre a segurança envolvida e os desafios técnicos.

Tuesday, May 13, 2025

PHILIPPE HALSMAN

"A dificuldade em fazer uma fotografia marcante e incomum é universal." — Philippe Halsman

Philippe Halsman não queria apenas registrar rostos — ele queria revelar o que há por trás deles. Ao longo de quatro décadas, desafiou a fotografia de retrato com inteligência visual, senso de humor e um método próprio de transformar ideias em imagem.

Sua abordagem inquieta o levou a inventar o que chamou de “jumpology” (sim, ao pé da letra, "pulologia"), colaborar com artistas como Salvador Dalí, fotografar campanhas publicitárias, capas de revistas, personalidades da Broadway, da política e da arte — sempre com energia, conceito e uma busca constante por novidade.

Halsman nasceu em Riga, em 1906, então parte do Império Russo. Estudou engenharia elétrica, mas o encantamento pela fotografia falou mais alto. Na década de 1930, já em Paris, abriu seu próprio estúdio de retratos. Com uma câmera inovadora que ele mesmo projetou, fotografou figuras como Marc Chagall e Le Corbusier. Seu nome começou a circular com força na imprensa europeia.

Mas em 1938 sua trajetória sofreu uma reviravolta: foi preso na Áustria, acusado da morte de seu pai em circunstâncias pouco claras. Após quatro anos de mobilização internacional, intelectuais como Einstein e Freud ajudaram em sua libertação. Com apoio direto de Albert Einstein, Halsman conseguiu um visto emergencial e imigrou para os Estados Unidos em 1940.

Nos EUA, Halsman não demorou a se estabelecer. Fotografou para Elizabeth Arden, mergulhou na cena da Broadway e rapidamente chamou atenção da revista LIFE, onde assinaria mais de 100 capas. Sua clientela incluía desde Marilyn Monroe a Alfred Hitchcock, de Audrey Hepburn a Einstein — o mesmo que havia ajudado em sua chegada ao país.

A ideia de pedir para os modelos pularem surgiu por acaso, ao fotografar a Sra. Edsel Ford. O resultado foi tão espontâneo que virou uma obsessão de décadas. Com isso, Halsman criou imagens vibrantes e inesperadas que revelavam camadas mais sinceras da personalidade dos retratados.

Halsman sempre se cercou de mentes criativas. Em Nova York, fez colaborações fotográficas com amigos e artistas, especialmente Salvador Dalí. Em 1951, foi convidado pelos fundadores da Magnum Photos a integrar a agência como “membro contribuinte” — um acordo pensado para permitir a distribuição internacional de seu trabalho, especialmente fora dos Estados Unidos. Essa parceria permanece ativa até hoje.

Morreu em 1979, deixando um legado que combina técnica precisa, ideias ousadas e um senso de jogo com a imagem que ainda inspira.

DALÍ ATOMICUS E O LIVRO DE BIGODES

A parceria com Salvador Dalí durou quase 30 anos. Juntos, construíram imagens delirantes sem recorrer à manipulação digital — apenas encenação, cronômetro e muita persistência. A mais famosa delas, Dalí Atomicus (1948), levou 26 tentativas para registrar Dalí, três gatos, uma cadeira e vários litros d’água flutuando no ar. E sim, os gatos estavam vivos — mas saíram correndo depois.

Esse espírito colaborativo culminou no livro Dali’s Mustache, lançado em 1954, com 28 retratos que são quase esquetes visuais entre o surrealismo e o teatro. É uma aula de conceito fotográfico disfarçada de diversão.

RETRATOS COM FERNANDEL

Muito antes do TikTok nos ensinar a fazer caretas sincronizadas, Philippe Halsman e o ator francês Fernandel já estavam se divertindo com isso nos anos 1940. A série de retratos que fizeram juntos é um desfile de expressões exageradas, bocas abertas, olhos arregalados e puro timing cômico. Halsman usava o rosto naturalmente caricatural de Fernandel como uma tela para experimentar ângulos e poses que desafiavam o convencional — e o resultado é um mix de retrato, teatro e cartoon. Foi ali que Halsman mostrou, mais uma vez, que humor e psicologia podiam caminhar juntos em frente à câmera.

COMO TER IDEIAS NOVAS?

Halsman acreditava que boas ideias fotográficas vinham do esforço consciente — e não de uma musa misteriosa. No artigo publicado pela Magnum, ele afirma que a criatividade é uma construção, feita com perguntas, métodos e trabalho. A fórmula era: provocar o cérebro com um problema visual, imaginar o impossível e depois descobrir como tornar aquilo possível.

Essa metodologia foi aplicada em seus retratos mais memoráveis — do rosto sério de Einstein à dança com gravidade invertida de Dalí.

AS REGRAS DE HALSMAN

Um vídeo recente do canal Create With Tech fez uma bela síntese das regras não escritas do estilo Halsman:

  1. Seja direto para criar uma foto forte
  2. Use luz, ângulo e composição de forma não convencional
  3. Adicione algo estranho, incomum ou fora de lugar
  4. Vá contra a expectativa do espectador
  5. Combine todos esses elementos para tornar a imagem ainda mais inusitada
  6. Mostre o assunto com clareza para ilustrar a mensagem

São diretrizes simples, mas que exigem pensamento fotográfico sofisticado — exatamente como Halsman fazia.

No fim das contas, Halsman enxergava o retrato como uma construção mental. Nada era feito por acaso, nem os pulos. Ele buscava provocar, questionar e contar algo — às vezes com leveza, outras com estranheza, mas sempre com clareza visual.

VÍDEOS INTERESSANTES

  • A fotografia excêntrica e surreal de Philippe Halsman (Create With Tech):

  • Por trás das câmeras na foto de Philippe Halsman (contém um vídeo com a filha de Halsman contando como foi fazer a foto Dalí Atomicus):

PARA SABER MAIS

Seu trabalho é uma lembrança de que boas ideias valem mais do que equipamentos caros. E que, às vezes, a imagem mais verdadeira pode vir quando o fotógrafo pede ao modelo: “agora, pule”.

Sunday, May 11, 2025

GRANDES FOTÓGRAFOS RETRATISTAS PARTE V | RETRATISTAS CONTEMPORÂNEOS DE DESTAQUE

 A fotografia de retrato continua viva, pulsante e em constante transformação. E, se no passado os grandes retratistas eram reconhecidos por suas conexões com as revistas, jornais e celebridades, hoje existe uma nova geração que construiu sua reputação em outros caminhos — muitas vezes mais solitários, mais autorais e profundamente humanos.

Diferentemente dos grandes retratistas das décadas passadas — que muitas vezes ganharam fama ao fotografar celebridades, chefes de Estado ou ícones da cultura pop para revistas e jornais —, esses fotógrafos contemporâneos construíram seus caminhos à margem da mídia tradicional. Alguns começaram na rua, outros vieram da educação, da publicidade ou da fotografia comercial, mas todos têm em comum uma coisa: usaram a fotografia para se conectar com pessoas reais, seja no anonimato de um desconhecido, seja ao contar histórias que raramente ganham espaço nos holofotes.

A seguir, apresento alguns desses nomes que merecem destaque, não por figurarem em capas de revistas ou exposições milionárias, mas por seu trabalho consistente, generoso e, acima de tudo, por seu impacto real:

JOE MCNALLY (1952-)

Fotógrafo americano renomado por seu domínio técnico da luz, especialmente no uso de flash. Foi colaborador frequente da National Geographic e é também um educador de destaque no mundo da fotografia.

CHRIS ORWIG

Fotógrafo, autor e professor que alia sensibilidade estética com uma abordagem inspiradora. Suas aulas e livros influenciaram milhares de estudantes de fotografia pelo mundo, com foco em retratos e no lado humano da imagem.

BRANDON STANTON (1984-)

Criador do projeto Humans of New York, Stanton revolucionou a fotografia documental contemporânea ao unir retrato e relato de vida em uma narrativa acessível, empática e profundamente popular.

STACY PEARSALL (1980-)

Fotógrafa americana e veterana da Força Aérea, fundadora do projeto Veterans Portrait Project, no qual fotografa ex-combatentes das forças armadas. Seu trabalho combina memória, respeito e um olhar afetuoso sobre identidades muitas vezes invisibilizadas.

SCOTT KELBY (1960-)

Fotógrafo, educador e autor de diversos best-sellers sobre Photoshop, Lightroom e técnica fotográfica. Fundador da plataforma KelbyOne, tornou-se referência na formação de fotógrafos pelo estilo claro, prático e bem-humorado de ensinar.

Lindsay Adler (1985-)

Fotógrafa de moda e retratos, conhecida pelo uso ousado da luz e da cor. Além do trabalho editorial e comercial, é uma educadora ativa, com livros, workshops e forte presença online.

Niall McDiarmid (1967-)

Retratista escocês conhecido por suas séries de retratos urbanos feitos nas ruas do Reino Unido. Seu trabalho destaca a diversidade cultural e o estilo único das pessoas comuns, sempre com cor, empatia e simplicidade. Falei sobre ele AQUI

Se os grandes mestres do século XX definiram o retrato como arte dentro dos salões da imprensa e da cultura de massa, esses profissionais estão moldando o retrato como linguagem viva, pessoal e descentralizada. Eles não se destacam por fotografar a realeza ou os astros do cinema, mas o veterano de guerra, o vendedor da esquina, o sonhador anônimo, o estudante tímido. São retratistas que criam conexões reais, acessíveis, e nos lembram que todo rosto tem uma história digna de ser contada.