“Comecei a pensar no quanto famílias, o subúrbio, a vida,
o vômito e, em particular o Natal, eram estranhos” – Trent Parke
Trent Parke nasceu em 1971 em Newcastle, na Austrália. Aos
doze anos tirava fotos usando uma câmera de 35mm da sua mãe e usando a
lavanderia da família como quarto escuro. Iniciou sua carreira como
fotojornalista para o The Australian, entrou para o coletivo de rua In-Public
em 2001 e se tornou membro da Magnum em 2007. É considerado um dos fotógrafos
mais inovadores da sua geração e entre seus projetos mais conhecidos estão Dream/Life
(1999), Minutes to Midnight (2013) e The Christimas Tree Bucket (2014). Sua
obra é inovadora e transita entre o documental e o artístico, construindo um
retrato emocional e psicológico de sua terra natal.
THE CHRISTMAS TREE BUCKET
Trent e sua mulher, Narelle, viviam em um apartamento
pequeno em Sydney e, quando o segundo filho nasceu em 2006, esse apartamento
ficou ainda menor para acomodar todos. Decidiram se mudar para Adelaide, cidade
de origem de Narelle na qual a família dela ainda residia.
Deixaram as coisas do antigo apartamento em um depósito e
foram morar provisoriamente na casa dos sogros de Parke no subúrbio até encontrarem
um local para morar. O nome desse projeto vem de um episódio específico: após
cortar o cabelo em um shopping, Parke passou mal e vomitou no baldo destinado a
acomodar a árvore de Natal! As fotos desse momento foram feitas por Narelle que
costuma colaborar com ele em outros projetos.
Embora seja a história mais bizarra do período, as fotos
de Parke mostram a convivência forçada entre adultos, crianças enlouquecidas
com o Natal, a correria para organizar tudo a tempo, o consumismo
descontrolado. Acima de tudo, a estranheza de comemorar a data seguindo as
tradições do hemisfério norte em pleno verão do sul – algo que nós brasileiros
entendemos bem!
As fotografias são coloridas e saturadas, carregam um tom levemente sombrio, evidente sobretudo nas expressões de adultos e crianças. Algumas situações — como a história do balde — são genuinamente engraçadas, e Parke registrou vários momentos absurdos que aconteceram no meio da rotina. Embora tenham aparência de snapshot de família, as imagens são cuidadosamente compostas. O uso do flash, preciso e direto, reforça essa mistura de humor, caos e exaustão que permeia a série.
Em The Christmas Tree Bucket, Parke - que já vinha se esforçando
para registrar o cotidiano de sua família desde o nascimento do primeiro filho
- mostra a importância de fotografar sem esperar momentos especiais ou
perfeitos. São fragmentos que definem quem somos e como vivemos e provavelmente
são o que valerá a pena lembrar no futuro. É o tipo de documento que só existe porque
alguém decidiu prestar atenção justamente quando nada parecia especial.
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