Monday, December 1, 2025

TATEWAKI NIO

Tatewaki Nio nasceu em 1971, em Kobe, no Japão. Formou-se em sociologia pela Universidade Sophia, em Tóquio, e mais tarde estudou fotografia no Senac-SP. Antes de chegar ao Brasil, nos anos 1990, viveu em diferentes cidades africanas — período que ampliou seu interesse pela história do tráfico de escravos e pelos vestígios deixados por ela nas paisagens urbanas.

Instalado no Brasil há mais de duas décadas, Nio construiu uma obra dedicada sobretudo à arquitetura das grandes cidades e às formas como ela estrutura a vida cotidiana. Seu trabalho se destaca pela observação paciente e pelo rigor na documentação dos espaços, atento às marcas do passado e às transformações contínuas do ambiente construído.

Em 2016, participou da residência fotográfica do Musée du Quai Branly, em Paris. Nos anos seguintes, integrou exposições importantes — entre elas Histórias Afro-Atlânticas (2018) e Ecos do Atlântico Sul (2019). Em 2016 foi capa da Revista Zum #10 e em em 2017, recebeu a Bolsa ZUM/IMS.

PROJETOS EM DESTAQUE

Espiral do Atlântico Sul - Projeto desenvolvido a partir da Bolsa de Fotografia ZUM/IMS 2017, originalmente sob o nome Conexão São Paulo–Lagos. Parte de imagens de Pierre Verger sobre casas erguidas por ex-escravizados retornados do Brasil à África e examina vínculos históricos ainda perceptíveis entre Lagos e São Paulo. Reúne três séries: As Pegadas dos Retornados, Megacidades e Estou Aqui, Sou Daqui.

Neo-AndinaSérie em que Nio registra a arquitetura chamativa de El Alto, na Bolívia — um fenômeno recente que combina referências andinas e pré-hispânicas com soluções visuais exuberantes, às vezes quase kitsch. As imagens revelaram a força desse repertório arquitetônico emergente e lhe renderam a capa da Revista ZUM #10 (2016), acompanhada de texto de Nelson Brissac Peixoto.

Escultura do InconscienteTrabalho que acompanha a transformação física da cidade, observando momentos de desgaste, demolição e reconstrução. Nio registra estruturas em colapso ou em obra como paisagens transitórias, marcadas por camadas visuais que revelam as mudanças constantes do espaço urbano.

Parques UrbanosConjunto de trabalhos dedicados às áreas verdes de São Paulo, que resultou em livro publicado. Nio observa o uso cotidiano desses espaços e como eles funcionam como contraponto à densidade da metrópole.

Crônica das CoresSérie realizada em um único dia, entre os escombros de uma favela demolida em São Paulo. Fotografado apenas com cores primárias e secundárias, o projeto registra fragmentos desse cenário provisório e constrói um inventário visual a partir do que restou no terreno.

Atualmente, Tatewaki Nio tem uma mostra em cartaz no Centro MariAntonia da USP, Neo-Andina 15–25, que reúne imagens produzidas ao longo de uma década em El Alto, na Bolívia. A exposição articula a arquitetura marcante da cidade com a presença boliviana em São Paulo — hoje a maior comunidade estrangeira da capital — destacando como muitos dos imigrantes vêm justamente da região de El Alto.

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