Tatewaki Nio nasceu em 1971, em Kobe, no Japão. Formou-se em sociologia pela Universidade Sophia, em Tóquio, e mais tarde estudou fotografia no Senac-SP. Antes de chegar ao Brasil, nos anos 1990, viveu em diferentes cidades africanas — período que ampliou seu interesse pela história do tráfico de escravos e pelos vestígios deixados por ela nas paisagens urbanas.
Instalado no Brasil há mais de duas décadas, Nio construiu uma obra dedicada sobretudo à arquitetura das grandes cidades e às formas como ela estrutura a vida cotidiana. Seu trabalho se destaca pela observação paciente e pelo rigor na documentação dos espaços, atento às marcas do passado e às transformações contínuas do ambiente construído.
Em 2016, participou da residência fotográfica do Musée du Quai Branly, em Paris. Nos anos seguintes, integrou exposições importantes — entre elas Histórias Afro-Atlânticas (2018) e Ecos do Atlântico Sul (2019). Em 2016 foi capa da Revista Zum #10 e em em 2017, recebeu a Bolsa ZUM/IMS.
PROJETOS EM DESTAQUE
Espiral do Atlântico Sul - Projeto desenvolvido a partir da Bolsa de Fotografia ZUM/IMS 2017, originalmente sob o nome Conexão São Paulo–Lagos. Parte de imagens de Pierre Verger sobre casas erguidas por ex-escravizados retornados do Brasil à África e examina vínculos históricos ainda perceptíveis entre Lagos e São Paulo. Reúne três séries: As Pegadas dos Retornados, Megacidades e Estou Aqui, Sou Daqui.
Neo-Andina - Série em que Nio registra a arquitetura chamativa de El Alto, na Bolívia — um fenômeno recente que combina referências andinas e pré-hispânicas com soluções visuais exuberantes, às vezes quase kitsch. As imagens revelaram a força desse repertório arquitetônico emergente e lhe renderam a capa da Revista ZUM #10 (2016), acompanhada de texto de Nelson Brissac Peixoto.
Escultura do Inconsciente - Trabalho que acompanha a transformação física da cidade, observando momentos de desgaste, demolição e reconstrução. Nio registra estruturas em colapso ou em obra como paisagens transitórias, marcadas por camadas visuais que revelam as mudanças constantes do espaço urbano.
Parques Urbanos - Conjunto de trabalhos dedicados às áreas verdes de São Paulo, que resultou em livro publicado. Nio observa o uso cotidiano desses espaços e como eles funcionam como contraponto à densidade da metrópole.
Crônica das Cores - Série realizada em um único dia, entre os escombros de uma favela demolida em São Paulo. Fotografado apenas com cores primárias e secundárias, o projeto registra fragmentos desse cenário provisório e constrói um inventário visual a partir do que restou no terreno.
Atualmente, Tatewaki Nio tem uma mostra em cartaz no Centro MariAntonia da USP, Neo-Andina 15–25, que reúne imagens produzidas ao longo de uma década em El Alto, na Bolívia. A exposição articula a arquitetura marcante da cidade com a presença boliviana em São Paulo — hoje a maior comunidade estrangeira da capital — destacando como muitos dos imigrantes vêm justamente da região de El Alto.
VÍDEOS EM DESTAQUE:
- Jorge Bodanzky entrevista o fotógrafo Tatewaki Nio (Revista Zum, maio/2018);
- Tatewaki Nio | Entre nós: dez anos de Bolsa ZUM/IMS;
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